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Orquestra Nacional da Radiodifusão Francesa (ORTF) – Bachiana Brasileira Nº 7 (Heitor Villa-Lobos)

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Orquestra Nacional da Radiodifusão Francesa (ORTF) – Bachiana Brasileira Nº 7 (Heitor Villa-Lobos)

DISCO Nº 7751 DA RÁDIO RENASCENÇA!
Esta gravação data de 1956, foi efectuada em Paris, França, com produção de René Challan, misturas de Walter Ruhlmann e engenharia sonora de Andrew Walter, e pertence à Face B do LP de 33 R.P.M. editado pela “Angel Records” e pela “Parlophone”, selos comercializados em Portugal pela “Valentim de Carvalho”, com a matriz discográfica ”35674“, a matriz fonográfica ”XLX-X-662“ e o nome “Villa Lobos – Bachianas Brasileiras”.
Neste disco, o maestro e compositor brasileiro Heitor Villa Lobos dirige a Orquestra Nacional da Radiodifusão Francesa, da ORTF, na execução das “Bachianas Brasileiras Nº 4 e Nº 7”, integradas no ciclo que é considerado como a imagem de marca da composição musical do conhecido e odiado maestro do Estado Novo de Getúlio Vargas.
Aqui, escutamos a “Bachiana Brasileira Nº 7”, composta em 1942 para grande orquestra e um conjunto de instrumentos brasileiros de percussão, dedicada a Gustavo Capanema, estreada em Março de 1944, pela Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, dirigida pelo autor, e dividida em quatro movimentos:

0:00 – PRELÚDIO (Ponteio): Este movimento melódico e sentimental em Adagio, inicia-se com pizzicatos, alternados entre os primeiros e os segundos violinos, evocativos do acompanhamento dos violões seresteiros, preparando a entrada do tema principal, exposto pelo fagote e respondido pelo oboé.
7:11 – GIGA (Quadrilha Caipira): Este movimento é a harmonização para Orquestra Sinfónica de uma dança sertaneja, cujo ritmo caracteriza-se por um acento desarticulado, deslocado do tempo forte dos compassos.
11:40 – TOCATA (Desafio): Este movimento sugere um duelo de repentistas nordestinos, representados por um trombone e um trompete, e entre eles, em surdina, acontece sobre harmonias dissonantes de um acompanhamento à maneira de violas rústicas.
20:00 – FUGA (Conversa): Uma fuga a quatro vozes, com um tema principal bem brasileiro, que é bastante livre, pouco escolástica, apesar do perfeito equilíbrio de estilo. Uma Coda, em andamento Lento, relembra alguns temas, sobre um pedal de tônica que conduz a peça até á majestosa cadência final.

Em 1923, Villa-Lobos dava um passo importante em sua carreira, trocando o Rio de Janeiro por Paris, a metrópole das vanguardas artísticas. Na voga de exotismo selvagem que dominava a capital francesa, os traços de primitivismo e energia telúrica presentes em sua música foram comparados às recentes ousadias musicais de outros ícones da modernidade. Chamado por Florent Schmitt de néo-sauvage, Villa-Lobos assumiu o papel de “compositor dos trópicos” e normatizou sua estética nacionalista, sob a premissa de que a verdadeira música brasileira formara-se nos ambientes populares – indígenas, folclóricos, rurais ou urbanos. Por outro lado, soube avaliar o potencial dessa música como contribuição singular para o panorama musical internacional, associando-a aos procedimentos composicionais eruditos característicos do século XX. O conjunto dos Choros, compostos na década de 1920, demonstra a preocupação do compositor com a modernidade.
De volta ao Brasil, em 1930, Villa-Lobos exerceu uma atividade abrangente no cenário musical do país, desdobrando-se em múltiplas tarefas – estímulo ao ensino musical, criação de grupos de canto coral, organização e regência de concertos, continuando a compôr imenso. As nove Bachianas foram compostas entre 1930 e 1945, época da ascensão política dos Estados totalitários e das duas grandes guerras.
Nas artes, houve grandes desvios nos rumos das vanguardas do início do século, que agora substituíam a irreverência e as ousadias das décadas anteriores por uma tendência à institucionalização. Esse retorno à ordem corresponde à fase neoclássica de artistas cuja fama inicial associara-se a escândalos iconoclastas. No neoclassicismo de suas Bachianas, Villa-Lobos referencia, na figura de Bach, a tradição ocidental, procurando afinidades entre alguns procedimentos brasileiros e a música do grande génio alemão. Assim, os movimentos das Bachianas trazem, geralmente, dois títulos – um que remete às formas barrocas e outro, bem nacional, seresteiro, sertanejo.
Esta é a sua Bachiana Brasileira Nº 7, na sua gravação oficial em disco, pela Orquestra Nacional da Radiodifusão Francesa (ORTF), dirigida pelo autor, muito difundida na Renascença, onde este disco foi catalogado com o nº 7751.

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1 COMMENT

  1. Olá Miguel! Heitor Villa-Lobos pode ter cometido os seus pecadilhos, mas não se pode negar o seu talento de grande compositor e maestro. Aqui temos uma prova disso. Um grande abraço. Cesário.

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