Esta semana visitamos Ucanha que pertence à rede das Aldeias Vinhateiras, ela é uma das 6 aldeias Vinhateiras escolhidas como representantes da região do Douro. Geograficamente enquadra-se na Beira Alta, mais precisamente na denominada região de RibaDouro, actualmente designada de Douro Sul. O que estamos a ver é o monumento que tornou Ucanha conhecida: é a sua ponte fortificada com torre, ambas construídas no séc. XV. Acontece que no séc. XII é fundado um mosteiro a 3km daqui, o Mosteiro de Salzedas e com ele fica definido o seu território destinado à agricultura e auto-suficiencia do mosteiro. Esse território tinha cerca de 33km2, e incluia cerca de 10 aldeias das quais Ucanha representava a sua principal entrada.
Desde a época dos romanos o vale do Douro aparece como centro produtor de uvas e vinho. Os mosteiros cistercienses não eram alheios à viticultura, e assumem-na como essencial, desenvolvendo-a e melhorando-a, bem como participando na sua distribuição através das rotas de comércio medieval. Algumas das mais importantes Quintas de vinho da região tiveram fundação ou propriedade cisterciense (Mateus, Murganheira, Mosteiró, Paço de Monsul, Tourais, Frades etc.). Os mosteiros, perante a procura do vinho, vão potenciar o plantio de vinhedos por todas as suas propriedades.
Ucanha, localizada nas margens do rio Varosa e segundo a tradição, é a povoação mais antiga das redondezas. A fixação de povoamento ocorre durante a ocupação romana, época em que as terras férteis do vale do Varosa começam a ser exploradas com agricultura. Ainda hoje se pode ver uma das principais vias da romanização que conduzia a Lamego. Na época medieval os monges cistercienses instalam-se na zona e criam em Ucanha uma torre e ponte sobre o rio, local de cobrança de portagens do couto de Santa Maria de Salzedas. A povoação terá crescido em torno desta torre e ponte, ponto estratégico de paragem e negócio. Do seu património monumental destacam-se as ruínas da Abadia Velha e a Ponte Fortificada, estruturas medievais de origem cisterciense, bem como a igreja matriz e o pelourinho do séc. XVI.

Aldeias Vinhateiras
Representativas de uma organização social de senhorios, feitores e operariado rural que suportaram ao longo dos tempos a actividade económica principal da região – a cultura do vinho – , as Aldeias Vinhateiras do Douro são ainda a expressão da história da região onde igrejas, capelas e casas senhoriais, pertencentes à aristocracia vinhateira da região, convivem, harmoniosamente com edifícios de arquitectura popular.

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